Das bruxas de Salém aos espíritos no colégio malaio.

16/11/2019

o que são as doenças psicogênicas de massa? Também conhecidas como 'histeria coletiva', enfermidades com sintomas físicos reais e sem causa orgânica afetam grupos de pessoas desde a Idade Média


Em circunstâncias diversas e culturas diferentes, surtos de sintomas físicos e psicológicos inexplicáveis afetam populações de cidades e países, grupos de pessoas em conventos ou colégios desde o século 15. Esses acontecimentos, chamados de doenças psicogênicas de massa, são uma resposta coletiva a uma situação de estresse. E desencadeiam sintomas reais - que podem ir de riso incontrolável a dores musculares, alergias e desmaios -, sem, no entanto, que haja causas relacionadas ao mau funcionamento de alguma função orgânica ou a contaminação por vírus ou bactéria. A explicação está no sistema nervoso. Como a histeria coletiva se manifesta hoje Apesar de a raiz dos sintomas ser neurológica, eles não irrompem sem uma ameaça fundada na realidade, segundo escrevem os pesquisadores Robert Bartholomew e Simon Wessely em um estudo sobre as mudanças nesse tipo de doença ao longo da história, publicado no "Jornal Britânico de Psiquiatria". Depois da Revolução Industrial, o fenômeno passou a ser registrado em fábricas e colégios internos, onde pessoas estavam fechadas e sob pressão. Na década de 1970, vários casos de histeria coletiva foram registrados em fábricas de Singapura e na Malásia. A partir do século 20, os surtos psicogênicos em massa que foram documentados passaram a ser provocados por preocupações coletivas sobre problemas ambientais, ameaças terroristas e toxinas em alimentos, no ar e na água. "Ao entramos no século 21, a histeria epidêmica irá, novamente, refletir seu tempo", escrevem os pesquisadores no estudo. Sob esse ponto de vista, não surpreende, portanto, que a tecnologia tenha um papel relevante como vetor para espalhar doenças psicogênicas, seja a internet, o noticiário televisivo ou a ficção. Um artigo de 2008 do jornal britânico "The Guardian", que trata de uma epidemia psicogênica em uma escola na Tanzânia, diz que mulheres e meninas são quase sempre excessivamente representadas entre as vítimas desses surtos. Antigamente, esse fato era atribuído a diferenças biológicas, como à suposição de que mulheres têm nervos mais frágeis ou órgãos comprimidos pelo útero. Segundo o artigo, especialistas creem que, em várias partes do mundo, o dado de que esse tipo de doença afeta mais mulheres se relaciona com as frustrações impostas por sociedades e famílias dominadas por homens. Quatro casos contemporâneos MALÁSIA, 2016 Estudantes e professores de uma escola de Kota Bharu, na Malásia, afirmaram ter visto espíritos ou vivenciado outras experiências sobrenaturais. A escola chegou a ser fechada. O fenômeno já tinha acontecido em áreas rurais malaias e é atribuído por pesquisadores à rigidez da religião de colégios internos femininos, onde ele é mais comum. ESTADOS UNIDOS, 2011 Um grupo de cerca de 20 jovens, em sua maioria meninas, de um colégio na cidade de Le Roy, estado de Nova York, começaram a apresentar sintomas como dificuldades na fala, convulsões e espasmos involuntários. O surto foi intensamente noticiado e chegou-se a cogitar que teria causas ambientais, até os médicos determinarem o diagnóstico. TANZÂNIA, 2008 Alunas tanzanianas de um mesmo colégio sofreram desmaios. Outras gritavam, soluçavam e corriam pela escola. Um estudo publicado em um jornal médico da República do Maláui, no sudeste africano, mostra que esses episódios são comuns em escolas africanas e muitas vezes desencadeados nos alunos pela proximidade das avaliações. Só na Tanzânia há, desde o século 20, quase 200 surtos como esse registrados, de acordo com o estudo. PORTUGAL, 2006 Centenas de adolescentes sofreram com alergias, tontura e dificuldades respiratórias depois que personagens da novela jovem "Morangos com Açúcar" apresentaram os mesmos sintomas na trama. O surto afetou escolas de diferentes cidades, no norte do país e na capital Lisboa. Quais são alguns dos episódios anteriores ao século 20 Conventos europeus onde freiras eram submetidas a rituais repetitivos, punições severas e jejuns registraram surtos, da Idade Média em diante, nos quais as internas produziam sons involuntários como balidos, miados e latidos. O julgamento das bruxas de Salém, ocorrido em uma comunidade americana fervorosamente católica na qual existia a crença de que o Diabo manipulava seres humanos para fazerem o mal por meio de feitiçaria, também se configura como um caso de histeria coletiva. O episódio é frequentemente representado em filmes, séries e livros. Nos EUA do século 17, o reverendo Samuel Parris, sua filha e sobrinha apresentaram sintomas como gritos incontroláveis e convulsões. Depois, o surto atingiu outras garotas de Salém. Três mulheres foram acusadas e presas por terem, supostamente, provocado os sintomas com feitiços. Segundo a revista americana "Smithsonian", a situação de estresse por trás do episódio também teve a ver com o contexto histórico: em 1689, havia uma guerra entre as metrópoles inglesa e francesa pelas colônias americanas que deslocou refugiados para Salém. Mais populoso, o povoado ameaçava não ter recursos para todos, e a rivalidade já existente entre famílias, ligada à disputa por riqueza e posses, se agravou.

Fontes

nexojornal.com.br

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